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Não Cometa Estes Erros no Estudo de Viabilidade Econômica (EVE)

Bruno Haas

O Estudo de Viabilidade Econômica (EVE) é uma análise detalhada que avalia a viabilidade de um projeto ou negócio, considerando os custos, receitas e investimentos necessários. Seu principal objetivo é determinar através de indicadores financeiros se a iniciativa é sustentável e lucrativa no longo prazo, oferecendo dados concretos para embasar a tomada de decisões estratégicas. Assim, o Estudo de Viabilidade Econômica (EVE) é essencial antes de qualquer decisão de investimento, seja um novo negócio ou projeto, seja para melhorias e expansão do negócio atual.

Porém, alguns fatores podem comprometer a qualidade do estudo e levar a decisões equivocadas que podem impactar negativamente a viabilidade financeira e operacional do projeto. Decisões equivocadas frequentemente resultantes de falta de dados precisos, projeções excessivamente otimistas ou omissão de fatores relevantes, podem gerar estimativas irrealistas de receitas, subdimensionar custos ou até ignorar riscos significativos. Como consequência, o projeto pode enfrentar dificuldades financeiras, atrasos ou até mesmo inviabilidade. Abaixo, destacamos os principais erros e como evitá-los, garantindo que seu EVE seja confiável e atinja os objetivos desejados.

Erro 01 – Receitas Superestimadas

Um dos erros mais comuns no Estudo de Viabilidade Econômica é superestimar as receitas esperadas do projeto. Isso acontece quando as projeções são feitas com otimismo excessivo, sem levar em conta as oscilações de mercado ou cenários adversos. Para evitar isso:

  • Crie uma estrutura detalhada do projeto: Liste todas as informações relevantes, incluindo metas de vendas, segmentos de mercado, precificação e canais de distribuição.
  • Revise preços no mercado: Faça pesquisas detalhadas sobre os preços praticados no setor, considerando diferentes regiões e condições econômicas.
  • Realize pesquisas de mercado: Identifique o comportamento do consumidor e tendências do setor para alinhar suas expectativas.
  • Valide com especialistas: Consulte profissionais experientes ou use benchmarks de negócios similares.
  • Consulte bases de dados abertos: Utilize informações de empresas do mesmo segmento com resultados públicos para calibrar suas estimativas.

Outro ponto fundamental é a composição de diferentes cenários para as receitas do projeto. É muito comum que projetos sejam desenvolvidos com base em apenas um cenário único, muitas vezes idealizado como o mais provável. No entanto, essa abordagem pode limitar a visão estratégica, ignorando possíveis variações nas condições de mercado, custos ou receitas. O ideal é trabalhar com pelo menos três cenários: otimista, provável e pessimista. Vamos a um exemplo para um projeto de lançamento de um novo produto:

CenárioImpacto nas ReceitasPremissas do Cenário
OtimistaReceitas com variação positiva de 20%O lançamento do novo produto coincide com uma alta sazonal de vendas e grande aceitação do público, superando expectativas.
ProvávelReceitas sem variação em relação a projeção inicialO mercado se mantém estável, com vendas alinhadas ao planejamento, sem grandes oscilações de preço ou volume.
PessimistaReceitas com variação negativa de 20%A entrada de novos concorrentes reduz a participação de mercado, forçando preços mais baixos e menores margens.

Fazer simulações considerando variações de preços e volumes em cada cenário é importante e deve ser baseado em premissas que busquem avaliar condições de mercado. Considerar fatores como economia, competição, mercado consumidor são fundamentais para esta análise que exige pesquisa e aprofundamento. Estas simulações podem ser estendidas para demais elementos do projeto e irão impactar diretamente o caixa e demais indicadores.

Erro 2 – Custos Mal Dimensionados e Mudanças nos Custos

Outro erro crítico no Estudo de Viabilidade Econômica (EVE) é subestimar os custos envolvidos, tanto os fixos, que representam despesas recorrentes e independentes do volume de produção, quanto os variáveis, que aumentam proporcionalmente à escala do negócio. Esse erro muitas vezes surge de análises incompletas ou simplistas, que deixam de contabilizar custos indiretos, flutuações de mercado ou variações sazonais. Para isso faça um mapeamento completo de todos itens de custo do projeto detalhando valores e comparando com referências de mercado. Abaixo temos alguns exemplos que podem ajudar nesta correta definição:

Custos Variáveis

Os custos variáveis estão diretamente ligados à operação e ao volume de vendas. Uma análise detalhada desses itens é fundamental para evitar subdimensionamentos. Itens a Considerar:

  • Produção: Inclua todos os insumos, matérias-primas e mão de obra direta necessários.
  • Embalagem: Avalie materiais e design, além de custos associados à personalização.
  • Logística: Considere transporte, armazenagem e distribuição dos produtos.
  • Suporte ao Cliente: Projete despesas relacionadas ao atendimento, como ferramentas de suporte, call center ou equipe dedicada.
  • Comissões e Royalties: Inclua percentuais para vendedores ou intermediários.
  • Canais Digitais: Considere taxas e custos de e-commerce e ferramentas de anúncios e marketing digital.

Dica Prática: Documente cada etapa do processo de venda e associe os custos correspondentes. Isso garante uma visão mais clara do impacto de cada item no preço final.

Custos Fixos

Os custos fixos não mudam diretamente com o volume de vendas, mas podem variar com o crescimento da operação. Uma análise cuidadosa é essencial para evitar omissões ou subdimensionamento. Itens a Considerar:

  • Salários e Benefícios de equipe fixa.
  • Aluguel, manutenção e despesas com infraestrutura.
  • Custos administrativos (contabilidade, jurídico, TI, etc.).
  • Serviços terceirizados regulares (limpeza, segurança, etc.).

Atenção a mudanças nos custos!

O problema da má estimação de custos se torna ainda mais grave quando não se considera o impacto do crescimento da operação no aumento dos custos. Por exemplo, à medida que o negócio se expande, é comum que haja necessidade de contratações adicionais, aquisição de novos equipamentos, ou até mesmo ampliação de infraestrutura física, como espaços maiores para estoque ou escritórios. Além disso, custos fixos aparentemente estáveis, como aluguel e serviços, podem sofrer reajustes significativos, especialmente em períodos de inflação ou renegociações contratuais. Simule cenários de crescimento e ajuste os custos variáveis e fixos proporcionalmente ou com base em levantamentos detalhados. Alguns fatores que precisam ser considerados:

  • Expansão da equipe: Projete o impacto de novas contratações, incluindo custos com salários, encargos trabalhistas, benefícios e treinamentos. Avalie a necessidade de infraestrutura adicional, como estações de trabalho, equipamentos de TI e ferramentas de trabalho específicas.
  • Investimentos em infraestrutura e equipamentos: Levante os custos para expandir áreas físicas, como depósitos, fábricas ou escritórios. Considere a compra ou locação de máquinas e equipamentos necessários para acompanhar o aumento da demanda.
  • Ajustes acima da inflação: Planeje um aumento anual nos custos fixos, como aluguel, energia, água e manutenção, com base em projeções realistas de inflação. Inclua uma margem de segurança para cobrir aumentos inesperados, especialmente em contratos atrelados ao mercado.
  • Crescimento e sazonalidade: Simule cenários que reflitam diferentes níveis de crescimento e ajuste os custos fixos proporcionalmente. Considere variações sazonais, que podem exigir aumentos temporários de equipe, estoques ou infraestrutura.

    Erro 3 – Má Definição da Estrutura de Capital

    Ignorar a composição de capital para financiar o projeto é um erro que pode comprometer sua viabilidade a longo prazo. Muitos projetos falham ao subestimar o impacto do custo do capital, seja ele próprio ou de terceiros, na sustentabilidade financeira. Essa má definição pode levar a escolhas inadequadas de financiamento, como endividamento excessivo ou dependência exclusiva de recursos próprios, que poderiam ser melhor alocados em outras áreas estratégicas.

    • Avalie Opções de Capital de Terceiros: Em cenários onde as taxas de juros estão atrativas, o uso de financiamentos pode ser uma opção viável, especialmente para preservar o capital próprio para outras oportunidades. Considere linhas de crédito específicas, como financiamento para equipamentos, projetos de inovação ou capital de giro, que muitas vezes possuem condições diferenciadas.
    • Análise da TMA (Taxa Mínima de Atratividade): Compare o retorno esperado do projeto com o custo de oportunidade do capital próprio e o custo de empréstimos. Avalie se o investimento atende à TMA estabelecida pela empresa, garantindo que o retorno financeiro seja compatível com os riscos assumidos.
    • Crie Cenários para Impactos Financeiros: Simule diferentes cenários, considerando variações de juros, inflação e condições econômicas que podem afetar o custo do capital. Por exemplo, avalie como um aumento inesperado na taxa de juros afetaria a capacidade de pagamento do financiamento.
    • Analise o Perfil do Projeto: Identifique o nível de risco do projeto e combine diferentes fontes de financiamento para equilibrar segurança e rentabilidade. Projetos com alta previsibilidade de receitas podem suportar níveis maiores de endividamento, enquanto projetos mais arriscados podem exigir maior participação de capital próprio.
    • Estruture uma Reserva de Liquidez: Preveja recursos para emergências financeiras, como variações inesperadas de custos ou atrasos em receitas, especialmente em projetos financiados majoritariamente com capital de terceiros

    Erro 4 – Análise Superficial de Indicadores

    Um Estudo de Viabilidade Econômica (EVE) não está completo sem uma análise criteriosa dos principais indicadores financeiros. Um dos erros mais comuns é subestimar a relevância desses indicadores ou interpretá-los de forma equivocada, o que pode levar a decisões financeiras inadequadas e comprometer a viabilidade do projeto. Esses indicadores não apenas ajudam a mensurar o desempenho esperado, mas também fornecem uma base sólida para comparações e ajustes no planejamento.

    Indicadores Fundamentais

    • Fluxo de Caixa: Avalia se o projeto gerará caixa suficiente para cobrir custos operacionais, pagamentos de financiamento e gerar retorno para os investidores. Analise o fluxo de caixa projetado mês a mês para identificar possíveis gargalos financeiros e prever necessidades de capital de giro.
    • Payback: Identifica o tempo necessário para recuperar o investimento inicial. Este indicador é útil para avaliar projetos de curto prazo ou como referência inicial. O payback simples não considera o valor do dinheiro no tempo, sendo mais recomendado a aplicação do payback descontado, que adiciona uma taxa de desconto aos lucros, gerando assim um cenário mais real de análise do projeto.
    • TIR (Taxa Interna de Retorno): Verifica se o retorno do projeto excede o custo do capital. Uma TIR acima da TMA (Taxa Mínima de Atratividade) indica que o projeto é viável. Compare a TIR de diferentes projetos para priorizar aqueles com maior retorno ajustado ao risco.
    • VPL (Valor Presente Líquido): Avalia a viabilidade financeira do projeto considerando o valor do dinheiro no tempo. Um VPL positivo indica que o projeto gera valor, enquanto um VPL negativo sugere que ele pode não ser atrativo. Use o VPL para medir o impacto de variações nas premissas, como taxas de crescimento e custos.

    Como Interpretar os Indicadores

    • Relacione os Indicadores entre si: Não analise os indicadores de forma isolada. Por exemplo, um projeto com TIR elevada, mas fluxo de caixa irregular, pode exigir maior planejamento de liquidez.
    • Considere o Contexto do Projeto: Um prazo de payback mais longo pode ser aceitável para projetos de infraestrutura ou tecnologia, desde que o VPL e a TIR sejam positivos e atrativos.
    • Simule Cenários: Teste diferentes condições, como variações de receita, custos e taxa de desconto, para avaliar a resiliência do projeto frente a mudanças no mercado.
    • Identifique Ajustes Necessários: Use os resultados dos indicadores para identificar pontos críticos que precisam ser ajustados, como redução de custos, aumento de receitas ou reestruturação de financiamento.


    5. Não Considerar Investimentos Adicionais

    Ignorar a necessidade de investimentos extras ao longo da execução de um projeto é um erro recorrente que pode comprometer sua sustentabilidade financeira e operacional. Muitos projetos, especialmente os de médio e longo prazo, demandam aportes adicionais para atender ao crescimento, enfrentar desafios inesperados ou aproveitar novas oportunidades.

    Os investimentos adicionais podem trazer impactos significativos nos principais indicadores financeiros de um projeto pois geralmente implicam em uma saída imediata de caixa, o que pode pressionar o fluxo financeiro do projeto. Investimentos adicionais aumentam o valor total investido no projeto, o que pode estender o prazo necessário para recuperar o capital aplicado e afetar negativamente outros indicadores caso não sejam dimensionados. Desta forma, sem um planejamento adequado, esses desembolsos podem levar a déficits temporários, afetando a operação do projeto, e quando negligenciados podem até mesmo inviabilizar o projeto. Para fazer o levantamento dos investimentos adicionais, identifique os momentos em que o projeto pode exigir novos investimentos, como:

    • Aquisição de equipamentos: Para aumentar a capacidade produtiva ou modernizar operações.
    • Expansão de equipe: Contratações necessárias para suportar o crescimento.
    • Melhorias no produto: Atualizações, ajustes ou adaptações às demandas do mercado.
    • Tecnologia e sistemas: Implantação de novas ferramentas ou upgrades para suportar o volume de trabalho.

    Inclua Margens de Segurança no Planejamento!

    Criar uma reserva financeira para investimentos adicionais é uma prática essencial no planejamento de qualquer projeto. Essa margem de segurança não deve considerar apenas o crescimento planejado, mas também possíveis imprevistos que podem surgir ao longo da execução. A falta dessa reserva pode deixar o projeto vulnerável a situações inesperadas, comprometendo a sua sustentabilidade financeira e operacional.

    • Mudanças Regulatórias: Alterações em legislações ou normas do setor podem demandar novos investimentos em tecnologia, compliance ou adequações.
    • Adaptações ao Mercado: Inclua recursos para eventuais mudanças de escopo ou aprimoramento do produto/serviço, que podem surgir com feedbacks de clientes ou evolução da concorrência.
    • Preveja Atrasos e Custos Emergenciais: Reserve fundos para atrasos na entrega de equipamentos, aumento de custos de transporte ou substituição de fornecedores. Considere também custos com serviços extras, como consultorias ou mão de obra adicional para resolver situações críticas.

    Conclusão

    Um Estudo de Viabilidade Econômica (EVE) não é apenas uma etapa obrigatória no planejamento de um projeto, mas sim uma ferramenta estratégica que pode determinar a sustentabilidade financeira e operacional do empreendimento no curto, médio e longo prazo. Evitar os erros apresentados, como subestimar custos, superestimar receitas, ignorar investimentos adicionais ou negligenciar a estrutura de capital, pode ser a diferença crucial entre o sucesso e o fracasso do projeto.

    Além disso, é fundamental adotar uma abordagem dinâmica, ajustando o EVE conforme surgem novas informações ou mudanças no mercado. Simular cenários diferentes — otimista, provável e pessimista — permite que o planejamento seja mais robusto, antecipando possíveis riscos e preparando a empresa para tomar decisões embasadas, mesmo em condições adversas.

    Ao seguir essas orientações, seu EVE não só será mais completo e confiável, mas também servirá como um guia sólido para a tomada de decisões estratégicas. Isso aumentará significativamente as chances de sucesso do seu negócio, permitindo que ele alcance seus objetivos com maior eficiência, segurança e competitividade no mercado. Um bom EVE é, acima de tudo, um passo decisivo para transformar ideias em resultados concretos. Acesse a planilha de estudo de viabilidade econômica da Resultar e conte com todos recursos para não passar por estes problemas!

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