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Orçamento Empresarial e o Controle Financeiro na prática

Bruno Haas

O orçamento empresarial é um dos componentes do plano financeiro, funcionando como uma estrutura detalhada para a distribuição de recursos e controle financeiro. Ele vai além de simplesmente alocar valores entre as áreas, projetos e unidades de negócio; ele orienta a empresa sobre como e onde os recursos devem ser usados, garantindo que as metas sejam atingidas de forma eficaz. Seguindo as prioridades estratégicas da empresa, o orçamento serve como um farol, guiando as operações diárias enquanto mantém o foco no crescimento de longo prazo e no desenvolvimento sustentável.

Um dos pilares fundamentais do orçamento empresarial é o acompanhamento contínuo do planejado versus o realizado. Esse processo permite uma análise detalhada do desempenho financeiro da empresa, comparando as metas estabelecidas no início do ciclo com os resultados efetivamente obtidos. Essa prática oferece aos gestores uma visão clara sobre o que está funcionando e onde são necessários ajustes. Quando desvios são identificados rapidamente, as ações corretivas podem ser implementadas em tempo hábil, o que otimiza o uso dos recursos e mantém a saúde financeira da organização.

Geralmente, o horizonte de um orçamento empresarial está vinculado ao ano fiscal ou ao plano estratégico de curto prazo, oferecendo um ciclo de 12 meses de gestão financeira detalhada. No entanto, o orçamento pode ser ajustado para períodos mais curtos ou longos, dependendo das necessidades da empresa. Um orçamento bem planejado e executado permite que a organização se prepare para desafios futuros e oportunidades inesperadas, promovendo ajustes estratégicos conforme as condições do mercado mudam e garantindo um crescimento controlado e planejado.


Princípios Fundamentais para um Orçamento Empresarial de Sucesso

Para que um orçamento seja realmente eficaz, é fundamental que ele siga princípios de governança e seja gerido por líderes comprometidos. Esses princípios garantem que o orçamento seja mais do que apenas números, mas sim uma ferramenta de planejamento estratégico que oriente a tomada de decisões em toda a empresa.

Envolvimento da Liderança

O comprometimento dos gestores é vital para o sucesso do orçamento. Eles são responsáveis por garantir que o orçamento seja executado e monitorado corretamente, além de ajustar as estratégias conforme necessário. Uma gestão eficaz exige que cada líder de área conheça suas responsabilidades e atue proativamente para garantir que os recursos sejam bem utilizados.

Controle e Responsabilidade

O orçamento empresarial deve ser estruturado por unidades de negócio, centros de custo e centros de lucro, de modo a facilitar o controle das finanças e fornecer uma visão precisa de como os recursos estão sendo usados. Ao definir claramente essas áreas, a empresa pode melhorar a responsabilidade financeira e garantir que as metas sejam atingidas de maneira consistente.

Orientação por Objetivos

O orçamento deve ser alinhado aos objetivos estratégicos da empresa, garantindo que os recursos sejam alocados de acordo com as prioridades mais importantes para o sucesso do negócio. Isso inclui garantir que as ações planejadas e os investimentos propostos estejam diretamente conectados às metas de longo prazo.


Diretrizes e Premissas Orçamentárias

A alta administração desempenha um papel fundamental na definição dos objetivos e metas financeiras. Essas diretrizes estabelecem o foco para o próximo período de orçamento e orientam as áreas sobre como devem elaborar suas previsões financeiras. As premissas orçamentárias, por outro lado, fornecem a base para o processo, incluindo as expectativas econômicas, como inflação, taxas de juros e variação cambial. Essas premissas são o alicerce que garante que o orçamento seja realista e exequível.

Além disso, é importante considerar as premissas operacionais, como a capacidade de produção e serviços, fatores relacionados a insumos e processos, mão de obra e portfólio de produtos. Com essas informações, as áreas podem elaborar previsões financeiras precisas, garantindo que o orçamento reflita com clareza as necessidades operacionais da empresa.

Orçamento Empresarial na Prática

Agora que entendemos os principios e fundamentos do orçamento emrepsarial vamos a um guia prático com 03 ferrametnas essencias quando o tema é planejamento e controle orçamentário.

1. Alocação de Recursos: Distribuição Orçamentária

Toda empresa, independente do porte, precisa alocar recursos de forma eficiente para atingir seus objetivos. O orçamento é uma ferramenta essencial para distribuir esses recursos entre as diversas unidades de negócio, departamentos e áreas funcionais. Uma alocação inteligente permite que cada setor tenha recursos financeiros adequados para alcançar suas metas sem exceder os limites orçamentários.

A distribuição e a estratégia orçamentária são pilares fundamentais para o sucesso financeiro de qualquer empresa. Definir como os recursos serão alocados entre as áreas de negócio e projetos específicos não é apenas uma questão de controlar despesas; é uma ferramenta estratégica para garantir que as prioridades da empresa sejam atendidas, e os resultados desejados alcançados.

Além disso, a estratégia orçamentária não apenas direciona onde o dinheiro será investido, mas também como esse investimento estará alinhado aos objetivos da empresa. Uma alocação inteligente de recursos deve priorizar áreas que impulsionam o crescimento, como expansão geográfica e desenvolvimento de novos produtos, ao mesmo tempo que mantém áreas operacionais funcionando de forma otimizada. Por exemplo, alocar 25% do orçamento para operações garante que a empresa tenha capacidade para manter seu fluxo produtivo, enquanto 20% para marketing visa impulsionar o reconhecimento da marca e atrair novos clientes.

Área/ProjetoOrçamento Planejado (R$)Percentual do Orçamento Total (%)Estratégia Orçamentária
Marketing200.00020%Investir em campanhas publicitárias, marketing digital, feiras e eventos para aumentar a visibilidade da marca e atrair novos clientes.
Vendas150.00015%Destinar recursos para a força de vendas, comissões, treinamento da equipe comercial e ferramentas de vendas para apoiar o crescimento de receitas.
Operações250.00025%Alocar a maior parte do orçamento para produção, logística, materiais e processos operacionais para manter a eficiência e garantir o fluxo de operações.
Recursos Humanos100.00010%Focar em salários, benefícios e o desenvolvimento de talentos, visando a retenção de equipe e gestão de pessoas eficaz.
TI (Tecnologia)120.00012%Investir em sistemas de gestão, infraestrutura de TI e segurança de dados, essenciais para automação e operações diárias.
Pesquisa e Desenvolvimento80.0008%Direcionar recursos para inovação, desenvolvimento de novos produtos e melhorias tecnológicas para garantir a competitividade futura da empresa.
Projeto A – Expansão50.0005%Investir na expansão física ou geográfica, com foco na abertura de novas filiais e penetração em novos mercados.
Projeto B – Novo Produto50.0005%Alocar recursos para o desenvolvimento de novos produtos, desde a pesquisa até o lançamento, visando a diversificação das receitas.
Total Geral1.000.000100%Distribuição estratégica dos recursos para garantir que todas as áreas tenham o suporte necessário para alcançar suas metas e impulsionar o crescimento do negócio.

Um orçamento eficiente não apenas distribui os recursos, mas também garante que os resultados esperados sejam atingidos. Isso exige uma gestão ativa dos centros de custo e centros de lucro, permitindo que a empresa monitore o desempenho financeiro de cada setor de forma individualizada. Essa abordagem oferece uma visão mais clara das áreas que estão gerando os melhores resultados e daquelas que precisam de ajustes ou reestruturação.

2. Centros de Resultado: Centros de Lucro e Custo

Para que o orçamento seja executado de forma eficaz, a utilização do controle por centros de lucro e custos, também conhecidos como centros de resultado, é uma estratégia crucial. Essa abordagem oferece uma visão detalhada do desempenho financeiro de cada área da empresa, facilitando o monitoramento das receitas, despesas e lucros.

Os centros de lucro são áreas da empresa responsáveis pela geração de receitas. Eles podem incluir departamentos de vendas, filiais regionais ou linhas de produtos. Cada centro de lucro deve ser gerido de forma a maximizar os lucros através do controle eficiente de suas receitas e despesas.

Já os centros de custo são responsáveis pela gestão dos gastos operacionais que não geram receita diretamente, mas são essenciais para o funcionamento da empresa. Departamentos como TI, recursos humanos e administração são exemplos de centros de custo. A gestão desses centros foca em minimizar os custos sem comprometer a qualidade ou a eficiência das operações.

Essa segmentação permite uma análise detalhada de como o orçamento está sendo executado e possibilita a identificação de áreas que precisam de ajustes ou realocação de recursos. Além disso, facilita a responsabilização dos gestores de cada centro, que devem garantir que suas áreas estejam contribuindo para o resultado global da empresa.

Centros de Resultado na Prática

  1. Registro no Fluxo de caixa e Plano de Contas:
    • Todas as movimentações financeiras (ex.: recebimento de vendas, pagamento de fornecedores, despesas com salários) são registradas no fluxo de caixa conforme o plano de contas.
    • Cada transação é classificada em categorias específicas, como receita operacional, custo de vendas, despesas administrativas, entre outras.
  2. Vinculação aos Centros de Resultado:
    • Além do registro no plano de contas, cada lançamento é vinculado a um centro de lucro ou centro de custo correspondente.
    • Exemplo: Uma despesa de marketing (plano de contas: Despesas de Marketing) pode ser atribuída ao Centro de Lucro A (Vendas de Produtos), pois está diretamente relacionada ao esforço para gerar receita nesse segmento.

Vamos considerar um exemplo onde a empresa faz o lançamento de uma despesa de marketing, uma venda de serviços e um pagamento de salário:

MovimentaçãoPlano de ContasCentro de Lucro/CustoValor (R$)
Pagamento de campanha de marketingDespesas de MarketingCentro de Lucro A (Vendas de Produtos)30.000
Recebimento de venda de serviçosReceita de ServiçosCentro de Lucro B (Vendas de Serviços)120.000
Pagamento de saláriosDespesas de RHCentro de Custo A (Recursos Humanos)50.000

A partir desse vínculo, os “acumuladores financeiros” são alimentados para cada centro de lucro e custo. Eles somam as receitas e despesas associadas a cada centro, proporcionando uma visão clara dos resultados parciais por área. Isso permite a totalização dos valores de forma contínua, facilitando o acompanhamento e controle financeiro.

3. Controle Financeiro: Planejado vs Realizado

O sucesso do orçamento empresarial depende de um monitoramento contínuo. Comparar o planejado com o realizado regularmente permite que os gestores identifiquem desvios de metas e façam ajustes antes que eles se tornem problemas significativos. Relatórios financeiros devem ser gerados com frequência, oferecendo uma visão atualizada de como a empresa está performando em relação ao plano original.

Esse acompanhamento não só permite ajustes imediatos, mas também fortalece a cultura de responsabilidade financeira, onde os gestores são responsabilizados pelos resultados de suas respectivas áreas.

Os desvios entre o que foi planejado e o que foi executado podem ocorrer tanto no lado das receitas (por exemplo, vendas menores que o esperado) quanto no lado das despesas (custos operacionais mais altos que o previsto). A empresa precisa analisar esses desvios para identificar:

  • Se as metas estabelecidas eram realistas.
  • Se algum imprevisto afetou o desempenho.
  • Se há necessidade de revisar o orçamento ou ajustar estratégias.

Exemplo de acompanhamento do planejado vs realizado e desvios:

MêsReceita Planejada (R$)Receita Realizada (R$)Desvio Receita (%)Despesa Planejada (R$)Despesa Realizada (R$)Desvio Despesa (%)
Janeiro100.00095.000-5%60.00062.000+3,33%
Fevereiro120.000110.000-8,33%65.00068.000+4,62%
Março140.000135.000-3,57%70.00075.000+7,14%

O controle do planejado vs realizado poderá ser realizado na visão geral da organização, auxiliando na visão da execução da estratégia financeira como um todo e também em camadas mais detalhadas como no nível do orçamento de unidades, departamentos e ou pela visão de centros de custo e lucro que abordamos anteriormente.

Se forem identificados desvios significativos, a empresa deve adotar medidas corretivas. Isso pode envolver corte de despesas, reavaliação de investimentos ou revisão de metas de vendas. O objetivo é garantir que o orçamento seja realinhado às metas financeiras.

Assim um plano de ação deve ser estruturado com foco na manutenção da saúde financeira do negócio. Para exemplificar detalhamos itens que podem ser relacionados em uma estrutura de plano de ação:

  • Desvio Identificado: Indica o problema encontrado, seja receita abaixo do esperado ou despesa superior ao planejado. Esses desvios devem ser quantificados em percentual ou valor.
  • Ação Corretiva: Define a ação a ser tomada para corrigir o desvio. Por exemplo, pode ser necessário aumentar a receita por meio de uma nova campanha de marketing ou reduzir custos renegociando contratos com fornecedores.
  • Responsável: Determina quem será o gestor ou líder responsável por implementar a ação corretiva.
  • Prazo: Define o período para conclusão da ação corretiva, o que permite o monitoramento contínuo e avaliação de resultados dentro de um período razoável.
  • Resultado Esperado: Apresenta o impacto desejado com a correção, como a recuperação de receitas ou a redução de despesas, com metas mensuráveis.

Conclusão

O orçamento empresarial é uma ferramenta essencial para garantir que a empresa opere dentro de seus limites financeiros e atinja seus objetivos estratégicos. Seguindo princípios claros de alocação de recursos, envolvimento da liderança e monitoramento constante, o orçamento se transforma em um poderoso instrumento de crescimento sustentável. Além disso, um orçamento bem elaborado oferece previsibilidade financeira, permitindo que a empresa enfrente desafios e aproveite oportunidades com confiança e eficiência.

Ao alinhar o orçamento com as premissas econômicas e operacionais, bem como as diretrizes estratégicas, a empresa estará preparada para garantir a saúde financeira ao longo do ano e manter-se no caminho certo para alcançar suas metas de crescimento de longo prazo.

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