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Guia Completo: Como Elaborar um Plano Financeiro Estratégico

Bruno Haas

Neste post, você encontrará um guia completo sobre como elaborar um plano financeiro eficaz, além de dicas sobre a definição de objetivos e metas que garantem a sustentabilidade financeira do seu negócio. Vamos abordar as melhores práticas para planejar suas finanças, alinhar seus objetivos estratégicos e acompanhar o progresso de suas metas para atingir resultados mensuráveis.

O que é o Plano Financeiro

O Plano Financeiro é uma ferramenta de planejamento estratégico das finanças do negócio, que reúne as informações financeiras em uma perspectiva de planejamento futuro. É o “mapa da viagem” quando falamos de metas, indicadores e objetivos de receitas, despesas, investimentos e lucro. Ele serve para planejar a estrutura financeira da organização em um horizonte normalmente que contempla um campo de visão de 2 a 5 anos, ou seja, uma visão de longo prazo, garantindo que os recursos sejam alocados de maneira eficiente e que os objetivos estratégicos possam ser alcançados de forma sustentável

Ao realizar projeções de médio e longo prazo, você pode prever com maior precisão as necessidades de caixa, identificar oportunidades de investimento e evitar surpresas financeiras. Este planejamento permite que a empresa se prepare melhor para desafios e oportunidades que possam surgir ao longo do tempo, mantendo a sustentabilidade financeira.

Diferença entre Plano Financeiro e Orçamento Empresarial

Ocorre muita confusão entre o Plano Financeiro e Orçamento Empresarial. Para entendermos a diferença podemos observar o foco, escopo e horizontes temporais:

Plano Financeiro

  • Visão Estratégica e de Longo Prazo: O plano financeiro é uma ferramenta estratégica que traça uma visão ampla e de longo prazo (normalmente de 2 a 5 anos ou mais) para as finanças da empresa. Ele contempla projeções de receitas, despesas, investimentos, fontes de financiamento e rentabilidade futura, levando em consideração diferentes cenários econômicos.
  • Objetivo: Seu principal objetivo é garantir a sustentabilidade financeira da empresa, apoiando decisões estratégicas de expansão, novos investimentos e crescimento. Ele serve como um guia para o direcionamento do negócio, permitindo prever necessidades de capital, identificar riscos financeiros e avaliar a viabilidade de novas iniciativas.
  • Flexibilidade: O plano financeiro é ajustado periodicamente com base nas mudanças de mercado, novas oportunidades e reavaliação de metas.

Orçamento Empresarial

  • Foco Operacional e de Curto Prazo: O orçamento é um componente específico e mais detalhado dentro do plano financeiro, focado em um período de curto prazo, geralmente um ano fiscal e uma detalhamento mais operacional. Ele detalha as receitas e despesas previstas para cada departamento, área ou projeto da empresa, garantindo que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente.
  • Objetivo: O principal objetivo do orçamento é controlar e monitorar as finanças no curto prazo, garantindo que a empresa não gaste mais do que pode, além de facilitar o acompanhamento das metas financeiras estabelecidas no plano financeiro.
  • Rígido e Específico: O orçamento é mais detalhado e muitas vezes rígido, servindo como um guia para despesas e receitas de cada área da empresa. Ele ajuda a controlar os custos e a medir o desempenho financeiro em relação ao planejamento (planejado x realizado).

O que são Objetivos e Metas Financeiras

Para começar um plano financeiro precisamos entender o que são os objetivos e metas financeiras. Objetivos são declarações amplas e estratégicas que definem o que uma empresa deseja alcançar em um determinado período, como aumentar o faturamento ou expandir para novos mercados. Já as metas são derivações específicas e mensuráveis desses objetivos, fornecendo números concretos e prazos para atingi-los.

Exemplos de Objetivos e Metas Financeiras

  • Aumento de Receita: Crescer o faturamento anual em 20%.
  • Redução de Custos: Diminuir os custos operacionais em 10% nos próximos dois anos.
  • Expansão de Mercado: Conquistar 500 novos clientes em uma nova região geográfica.
  • Melhoria da Lucratividade: Aumentar a margem de lucro para 25% em três anos.

Guia de Aplicação do Plano Financeiro

A seguir, apresentamos um guia detalhado para a criação de um plano financeiro eficaz. O processo envolve 07 etapas para garantir que o planejamento financeiro da empresa esteja bem estruturado e alinhado com os objetivos estratégicos.

1. Análise do Fluxo de Caixa e Histórico de Desempenho

A primeira etapa no desenvolvimento de um plano financeiro é a análise histórica das entradas e saídas de recursos financeiros. Esse processo permitirá entender a estrutura de resultados da empresa e identificar áreas de melhoria.

  • Composição do caixa: Analise a origem e destino dos recursos financeiros, separando as receitas e despesas em categorias.
  • Categorias financeiras: Identifique as contas específicas como contas a receber, pagamentos recorrentes, e despesas variáveis.
  • Unidades e produtos: Segmente os fluxos de caixa por unidade de negócio e por linha de produtos para avaliar o desempenho específico de cada área.

Essa análise é fundamental para fornecer uma base sólida sobre a saúde financeira atual da empresa.


2. Análise de Tendências e Construção de Premissas

Com base na análise histórica, o próximo passo é a avaliação das tendências e a construção de premissas para o planejamento futuro. As premissas são os fundamentos que orientarão as projeções financeiras.

  • Tendências de mercado: Avalie as flutuações e previsões econômicas que possam impactar o setor em que a empresa opera.
  • Cenários de mercado: Considere diferentes condições econômicas (por exemplo, crescimento ou recessão) e como elas podem influenciar os resultados financeiros.
  • Estruturação de premissas: Defina hipóteses claras sobre o crescimento de receitas, controle de despesas, evolução de custos operacionais e comportamento da concorrência. Essas premissas serão usadas para criar as projeções financeiras futuras.

3. Matriz de Objetivos e Metas

A matriz de objetivos e metas é uma ferramenta central no processo de planejamento financeiro. Ela orienta o direcionamento estratégico e define as prioridades para o negócio.

  • Definição de metas financeiras: Estabeleça metas específicas para receitas, lucros, controle de despesas, e investimentos necessários.
  • Alinhamento estratégico: Certifique-se de que as metas financeiras estão alinhadas aos objetivos estratégicos de crescimento da empresa, como expansão de mercado, novos produtos, ou melhorias operacionais.

Essa matriz é o ponto de conexão entre o planejamento financeiro e a execução da estratégia de negócio. Imagine que você é o gestor de uma empresa que deseja expandir para novos mercados nos próximos 05 anos. Ao elaborar um plano financeiro olhando um horizonte de médio e longo prazo, você precisa definir objetivos e metas para garantir que a empresa mantenha a sustentabilidade financeira e continue crescendo. Para isso você poderá criar o que chamamos de matriz de objetivos e metas financeiras:

ObjetivoMetaPrazoResponsável
Aumentar o faturamento de novos produtosFaturamento mensal de R$ 600.000,0012 mesesEquipe Comercial
Reduzir custos operacionais dos setores de operaçõesEconomia de R$ 100.000,006 mesesEquipe Financeira
Expandir participação de mercado nas regiões Sul e SudesteConquistar 500 novos clientes em mercados regionais18 mesesEquipe de Vendas
Aumentar margem de lucro dos produtos classe A e BReduzir desperdícios e otimizar processos relacionados aos produtos em no mínimo 10%12 mesesEquipe de Operações
Investir em marketing digital para melhoria de posicionamentoAplicar R$ 200.000,00 em campanhas de Ads6 mesesEquipe de Marketing

4. Projeção de Receitas, Despesas, Margem de Lucro e Rentabilidade (Resultado Projetado)

O próximo passo é a criação de uma projeção de receitas e despesas para os próximos anos. Isso pode ser feito com a construção de uma tabela que simula os fluxos de caixa na visão de Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), incluindo receitas, custos, despesas e lucros.

  1. Receitas: Preveja as receitas com base no histórico e nas premissas definidas, separando por unidades ou linhas de produtos.
  2. Custos: Inclua os custos operacionais diretos, como matéria-prima e serviços.
  3. Despesas: Adicione as despesas operacionais, como aluguel, marketing, e salários.
  4. Lucro Bruto: Calcule subtraindo os custos das receitas.
  5. Despesas Fixas e Variáveis: Inclua despesas administrativas e operacionais.
  6. Lucro Operacional: Após deduzir as despesas, obtenha o lucro operacional.

Abaixo um exemplo de tabela simplificada de projeções:

Projeções20242025202620272028
Receitas (R$)3.000.0003.700.0004.500.0005.100.0005.800.000
Custos (R$)2.100.0002.405.0002.835.0003.060.0003.364.000
Margem de Contribuição (%)30%35%37%40%42%
Despesas (R$)400.000450.000500.000550.000600.000
Lucro Bruto (R$)900.0001.295.0001.665.0001.990.0002.236.000
Lucro Líquido(R$)500.000845.0001.165.0001.440.0001.636.000

Cenário Otimista: A empresa consegue aumentar suas receitas significativamente e controlar os custos, resultando em maiores lucros. Isso pode ser alcançado através de uma expansão de mercado bem-sucedida, maior eficiência operacional, ou inovações que impulsionam as vendas.

Cenário Pessimista: As receitas e os lucros são menores, mas ainda assim a empresa se mantém lucrativa, mesmo em um ambiente econômico adverso. O controle de custos ajuda a mitigar a queda nas receitas, mas os lucros são mais modestos.

Cenário Central (Original): As receitas, custos e lucros seguem um caminho moderado, refletindo o cenário mais realista com base em tendências e projeções de mercado.

5. Planejamento de Investimentos

O planejamento de investimentos é essencial para definir os melhores caminhos para aplicar os recursos disponíveis. Ele deve estar alinhado com os objetivos e metas estratégicas da empresa.

Ao realizar investimentos é importante fazer uma análise de viabilidade, considerando indicadores financeiros como:

  • VPL (Valor Presente Líquido): Mede o valor presente dos fluxos de caixa futuros de um investimento.
  • TIR (Taxa Interna de Retorno): Indica a rentabilidade esperada do investimento.
  • Payback: Avalia em quanto tempo o investimento será recuperado.

6. Análise de Cenários

A análise de cenários permite prever como diferentes condições econômicas e operacionais podem impactar o desempenho financeiro da empresa. Três cenários principais devem ser considerados:

  1. Cenário Central (Provável): Baseado nas premissas mais realistas, geralmente com base no histórico e nas metas projetadas.
  2. Cenário Pessimista: Considera possíveis ameaças, como recessão econômica, aumento de custos ou queda nas vendas. Deve projetar o impacto negativo desses fatores no fluxo de caixa.
  3. Cenário Otimista: Supõe que a empresa superará as expectativas, com crescimento acelerado, oportunidades de mercado e controle eficaz de custos.
Indicador20242025202620272028
Receitas (R$)3.000.0003.700.0004.500.0005.100.0005.800.000
Custos (R$)2.100.0002.405.0002.835.0003.060.0003.364.000
Margem de Contribuição (%)30%35%37%40%42%
Despesas (R$)400.000450.000500.000550.000600.000
Lucro Bruto (R$)900.0001.295.0001.665.0001.990.0002.236.000
Lucro (R$)500.000845.0001.165.0001.440.0001.636.000
Cenário Otimista (Variação %)20%15%10%10%10%
Lucro Otimista (R$)600.000971.7501.281.5001.584.0001.799.600
Cenário Pessimista (Variação %)-15%-10%-8%-7%-5%
Lucro Pessimista (R$)425.000760.5001.072.6001.339.2001.554.200

7. Orçamento empresarial

O orçamento empresarial é um desdobramento direto do planejamento financeiro, oferecendo uma estrutura detalhada para a distribuição de recursos em toda a organização. Ele define de forma clara como os recursos serão alocados entre as diversas áreas, unidades de negócio e projetos, assegurando que cada setor disponha dos meios necessários para atingir suas metas. Essa distribuição segue as prioridades estratégicas e os objetivos estabelecidos pela empresa, maximizando o uso eficiente dos recursos e minimizando desperdícios. Além disso, o orçamento tem um papel essencial ao alinhar as operações do dia a dia com as metas de longo prazo, servindo como um guia para o crescimento sustentável do negócio.

Geralmente, o horizonte temporal do orçamento empresarial está alinhado ao ano fiscal ou ao período de um plano estratégico anual. Esse ciclo orçamentário de 12 meses permite uma gestão precisa dos recursos e um acompanhamento rigoroso das operações dentro de um período fixo. Entretanto, o orçamento também pode ser ajustado para períodos mais curtos ou longos, dependendo das necessidades e estratégias da empresa.

Alocação de Recursos

A alocação de recursos é a distribuição do orçamento entre diferentes unidades de negócio, áreas e contas específicas. Esta etapa garante que cada área tenha o suporte financeiro necessário para operar e alcançar suas metas.

Durante a elaboração do orçamento, cada área ou unidade da empresa deve basear suas previsões de receita e despesa nas categorias definidas no plano de contas. Isso facilita o registro contábil e gerencial posterior e permite que a empresa avalie o desempenho financeiro através do controle dos lançamentos de entradas e saídas das contas.

Centro de Custo e Centro de Lucro

Uma prática comum no orçamento empresarial é o uso de centros de custo e centros de lucro, que permitem o controle segregado do fluxo de caixa por unidade, área ou projeto. Isso fornece uma visão gerencial detalhada, facilitando a avaliação do desempenho financeiro de cada setor.

  • Centro de Custo: Responsável por monitorar e controlar os custos e despesas.
  • Centro de Lucro: Foca no controle das receitas e na geração de lucro.

Essa abordagem permite à empresa identificar quais áreas estão gerando os melhores resultados e quais precisam de ajustes.

Como o Orçamento e o Plano Financeiro se Relacionam:

  • O plano financeiro define os objetivos estratégicos, enquanto o orçamento detalha como esses objetivos serão alcançados em termos operacionais.
  • O orçamento assegura que as metas financeiras estabelecidas no plano financeiro sejam cumpridas mensurando o desempenho financeiro no curto prazo.
  • Ambos são monitorados e revisados periodicamente para garantir que a empresa está no caminho certo para atingir suas metas e que os recursos estão sendo usados de forma eficiente.

8. Consolidação do Plano Financeiro

Após a conclusão de todas as etapas, é uma boa prática consolidar o plano financeiro em um documento, apresentação ou planilha que contenha:

  • Análise histórica de resultados.
  • Premissas de mercado e objetivos e metas financeiras.
  • Projeções de receitas, custos, despesas e lucros (DRE projetado).
  • Planejamento de investimentos com análises de viabilidade (VPL, TIR, Payback).
  • Análise de cenários (otimista, provável e pessimista).
  • Orçamento empresarial anual com recursos para áreas, departamentos e projetos

Esse documento será o plano financeiro final, que servirá como guia para a execução e monitoramento das finanças da empresa ao longo do tempo, garantindo que todas as metas estejam alinhadas com a estratégia de crescimento do negócio.

Conclusão

Elaborar um plano financeiro robusto e definir objetivos e metas claras são etapas essenciais para o sucesso e crescimento sustentável de qualquer negócio. O plano financeiro atua como um mapa estratégico, guiando as decisões empresariais e garantindo que os recursos sejam alocados de forma eficaz. Ao estruturar adequadamente o plano financeiro, é possível prever receitas, controlar despesas, identificar oportunidades de investimento e mitigar riscos financeiros. Ao seguir esse guia, você terá uma visão estruturada de como planejar financeiramente o futuro da sua empresa, permitindo que ela tenha mais embasamento na estratégia e execução das finanças.

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