Neste post, você encontrará um guia completo sobre como elaborar um plano financeiro eficaz, além de dicas sobre a definição de objetivos e metas que garantem a sustentabilidade financeira do seu negócio. Vamos abordar as melhores práticas para planejar suas finanças, alinhar seus objetivos estratégicos e acompanhar o progresso de suas metas para atingir resultados mensuráveis.
O que é o Plano Financeiro
O Plano Financeiro é uma ferramenta de planejamento estratégico das finanças do negócio, que reúne as informações financeiras em uma perspectiva de planejamento futuro. É o “mapa da viagem” quando falamos de metas, indicadores e objetivos de receitas, despesas, investimentos e lucro. Ele serve para planejar a estrutura financeira da organização em um horizonte normalmente que contempla um campo de visão de 2 a 5 anos, ou seja, uma visão de longo prazo, garantindo que os recursos sejam alocados de maneira eficiente e que os objetivos estratégicos possam ser alcançados de forma sustentável
Ao realizar projeções de médio e longo prazo, você pode prever com maior precisão as necessidades de caixa, identificar oportunidades de investimento e evitar surpresas financeiras. Este planejamento permite que a empresa se prepare melhor para desafios e oportunidades que possam surgir ao longo do tempo, mantendo a sustentabilidade financeira.
Diferença entre Plano Financeiro e Orçamento Empresarial
Ocorre muita confusão entre o Plano Financeiro e Orçamento Empresarial. Para entendermos a diferença podemos observar o foco, escopo e horizontes temporais:
Plano Financeiro
- Visão Estratégica e de Longo Prazo: O plano financeiro é uma ferramenta estratégica que traça uma visão ampla e de longo prazo (normalmente de 2 a 5 anos ou mais) para as finanças da empresa. Ele contempla projeções de receitas, despesas, investimentos, fontes de financiamento e rentabilidade futura, levando em consideração diferentes cenários econômicos.
- Objetivo: Seu principal objetivo é garantir a sustentabilidade financeira da empresa, apoiando decisões estratégicas de expansão, novos investimentos e crescimento. Ele serve como um guia para o direcionamento do negócio, permitindo prever necessidades de capital, identificar riscos financeiros e avaliar a viabilidade de novas iniciativas.
- Flexibilidade: O plano financeiro é ajustado periodicamente com base nas mudanças de mercado, novas oportunidades e reavaliação de metas.
Orçamento Empresarial
- Foco Operacional e de Curto Prazo: O orçamento é um componente específico e mais detalhado dentro do plano financeiro, focado em um período de curto prazo, geralmente um ano fiscal e uma detalhamento mais operacional. Ele detalha as receitas e despesas previstas para cada departamento, área ou projeto da empresa, garantindo que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente.
- Objetivo: O principal objetivo do orçamento é controlar e monitorar as finanças no curto prazo, garantindo que a empresa não gaste mais do que pode, além de facilitar o acompanhamento das metas financeiras estabelecidas no plano financeiro.
- Rígido e Específico: O orçamento é mais detalhado e muitas vezes rígido, servindo como um guia para despesas e receitas de cada área da empresa. Ele ajuda a controlar os custos e a medir o desempenho financeiro em relação ao planejamento (planejado x realizado).
O que são Objetivos e Metas Financeiras
Para começar um plano financeiro precisamos entender o que são os objetivos e metas financeiras. Objetivos são declarações amplas e estratégicas que definem o que uma empresa deseja alcançar em um determinado período, como aumentar o faturamento ou expandir para novos mercados. Já as metas são derivações específicas e mensuráveis desses objetivos, fornecendo números concretos e prazos para atingi-los.
Exemplos de Objetivos e Metas Financeiras
- Aumento de Receita: Crescer o faturamento anual em 20%.
- Redução de Custos: Diminuir os custos operacionais em 10% nos próximos dois anos.
- Expansão de Mercado: Conquistar 500 novos clientes em uma nova região geográfica.
- Melhoria da Lucratividade: Aumentar a margem de lucro para 25% em três anos.
Guia de Aplicação do Plano Financeiro
A seguir, apresentamos um guia detalhado para a criação de um plano financeiro eficaz. O processo envolve 07 etapas para garantir que o planejamento financeiro da empresa esteja bem estruturado e alinhado com os objetivos estratégicos.
1. Análise do Fluxo de Caixa e Histórico de Desempenho
A primeira etapa no desenvolvimento de um plano financeiro é a análise histórica das entradas e saídas de recursos financeiros. Esse processo permitirá entender a estrutura de resultados da empresa e identificar áreas de melhoria.
- Composição do caixa: Analise a origem e destino dos recursos financeiros, separando as receitas e despesas em categorias.
- Categorias financeiras: Identifique as contas específicas como contas a receber, pagamentos recorrentes, e despesas variáveis.
- Unidades e produtos: Segmente os fluxos de caixa por unidade de negócio e por linha de produtos para avaliar o desempenho específico de cada área.
Essa análise é fundamental para fornecer uma base sólida sobre a saúde financeira atual da empresa.
2. Análise de Tendências e Construção de Premissas
Com base na análise histórica, o próximo passo é a avaliação das tendências e a construção de premissas para o planejamento futuro. As premissas são os fundamentos que orientarão as projeções financeiras.
- Tendências de mercado: Avalie as flutuações e previsões econômicas que possam impactar o setor em que a empresa opera.
- Cenários de mercado: Considere diferentes condições econômicas (por exemplo, crescimento ou recessão) e como elas podem influenciar os resultados financeiros.
- Estruturação de premissas: Defina hipóteses claras sobre o crescimento de receitas, controle de despesas, evolução de custos operacionais e comportamento da concorrência. Essas premissas serão usadas para criar as projeções financeiras futuras.
3. Matriz de Objetivos e Metas
A matriz de objetivos e metas é uma ferramenta central no processo de planejamento financeiro. Ela orienta o direcionamento estratégico e define as prioridades para o negócio.
- Definição de metas financeiras: Estabeleça metas específicas para receitas, lucros, controle de despesas, e investimentos necessários.
- Alinhamento estratégico: Certifique-se de que as metas financeiras estão alinhadas aos objetivos estratégicos de crescimento da empresa, como expansão de mercado, novos produtos, ou melhorias operacionais.
Essa matriz é o ponto de conexão entre o planejamento financeiro e a execução da estratégia de negócio. Imagine que você é o gestor de uma empresa que deseja expandir para novos mercados nos próximos 05 anos. Ao elaborar um plano financeiro olhando um horizonte de médio e longo prazo, você precisa definir objetivos e metas para garantir que a empresa mantenha a sustentabilidade financeira e continue crescendo. Para isso você poderá criar o que chamamos de matriz de objetivos e metas financeiras:
Objetivo | Meta | Prazo | Responsável |
---|---|---|---|
Aumentar o faturamento de novos produtos | Faturamento mensal de R$ 600.000,00 | 12 meses | Equipe Comercial |
Reduzir custos operacionais dos setores de operações | Economia de R$ 100.000,00 | 6 meses | Equipe Financeira |
Expandir participação de mercado nas regiões Sul e Sudeste | Conquistar 500 novos clientes em mercados regionais | 18 meses | Equipe de Vendas |
Aumentar margem de lucro dos produtos classe A e B | Reduzir desperdícios e otimizar processos relacionados aos produtos em no mínimo 10% | 12 meses | Equipe de Operações |
Investir em marketing digital para melhoria de posicionamento | Aplicar R$ 200.000,00 em campanhas de Ads | 6 meses | Equipe de Marketing |
4. Projeção de Receitas, Despesas, Margem de Lucro e Rentabilidade (Resultado Projetado)
O próximo passo é a criação de uma projeção de receitas e despesas para os próximos anos. Isso pode ser feito com a construção de uma tabela que simula os fluxos de caixa na visão de Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), incluindo receitas, custos, despesas e lucros.
- Receitas: Preveja as receitas com base no histórico e nas premissas definidas, separando por unidades ou linhas de produtos.
- Custos: Inclua os custos operacionais diretos, como matéria-prima e serviços.
- Despesas: Adicione as despesas operacionais, como aluguel, marketing, e salários.
- Lucro Bruto: Calcule subtraindo os custos das receitas.
- Despesas Fixas e Variáveis: Inclua despesas administrativas e operacionais.
- Lucro Operacional: Após deduzir as despesas, obtenha o lucro operacional.
Abaixo um exemplo de tabela simplificada de projeções:
Projeções | 2024 | 2025 | 2026 | 2027 | 2028 |
Receitas (R$) | 3.000.000 | 3.700.000 | 4.500.000 | 5.100.000 | 5.800.000 |
Custos (R$) | 2.100.000 | 2.405.000 | 2.835.000 | 3.060.000 | 3.364.000 |
Margem de Contribuição (%) | 30% | 35% | 37% | 40% | 42% |
Despesas (R$) | 400.000 | 450.000 | 500.000 | 550.000 | 600.000 |
Lucro Bruto (R$) | 900.000 | 1.295.000 | 1.665.000 | 1.990.000 | 2.236.000 |
Lucro Líquido(R$) | 500.000 | 845.000 | 1.165.000 | 1.440.000 | 1.636.000 |
Cenário Otimista: A empresa consegue aumentar suas receitas significativamente e controlar os custos, resultando em maiores lucros. Isso pode ser alcançado através de uma expansão de mercado bem-sucedida, maior eficiência operacional, ou inovações que impulsionam as vendas.
Cenário Pessimista: As receitas e os lucros são menores, mas ainda assim a empresa se mantém lucrativa, mesmo em um ambiente econômico adverso. O controle de custos ajuda a mitigar a queda nas receitas, mas os lucros são mais modestos.
Cenário Central (Original): As receitas, custos e lucros seguem um caminho moderado, refletindo o cenário mais realista com base em tendências e projeções de mercado.
5. Planejamento de Investimentos
O planejamento de investimentos é essencial para definir os melhores caminhos para aplicar os recursos disponíveis. Ele deve estar alinhado com os objetivos e metas estratégicas da empresa.
Ao realizar investimentos é importante fazer uma análise de viabilidade, considerando indicadores financeiros como:
- VPL (Valor Presente Líquido): Mede o valor presente dos fluxos de caixa futuros de um investimento.
- TIR (Taxa Interna de Retorno): Indica a rentabilidade esperada do investimento.
- Payback: Avalia em quanto tempo o investimento será recuperado.
6. Análise de Cenários
A análise de cenários permite prever como diferentes condições econômicas e operacionais podem impactar o desempenho financeiro da empresa. Três cenários principais devem ser considerados:
- Cenário Central (Provável): Baseado nas premissas mais realistas, geralmente com base no histórico e nas metas projetadas.
- Cenário Pessimista: Considera possíveis ameaças, como recessão econômica, aumento de custos ou queda nas vendas. Deve projetar o impacto negativo desses fatores no fluxo de caixa.
- Cenário Otimista: Supõe que a empresa superará as expectativas, com crescimento acelerado, oportunidades de mercado e controle eficaz de custos.
Indicador | 2024 | 2025 | 2026 | 2027 | 2028 |
Receitas (R$) | 3.000.000 | 3.700.000 | 4.500.000 | 5.100.000 | 5.800.000 |
Custos (R$) | 2.100.000 | 2.405.000 | 2.835.000 | 3.060.000 | 3.364.000 |
Margem de Contribuição (%) | 30% | 35% | 37% | 40% | 42% |
Despesas (R$) | 400.000 | 450.000 | 500.000 | 550.000 | 600.000 |
Lucro Bruto (R$) | 900.000 | 1.295.000 | 1.665.000 | 1.990.000 | 2.236.000 |
Lucro (R$) | 500.000 | 845.000 | 1.165.000 | 1.440.000 | 1.636.000 |
Cenário Otimista (Variação %) | 20% | 15% | 10% | 10% | 10% |
Lucro Otimista (R$) | 600.000 | 971.750 | 1.281.500 | 1.584.000 | 1.799.600 |
Cenário Pessimista (Variação %) | -15% | -10% | -8% | -7% | -5% |
Lucro Pessimista (R$) | 425.000 | 760.500 | 1.072.600 | 1.339.200 | 1.554.200 |
7. Orçamento empresarial
O orçamento empresarial é um desdobramento direto do planejamento financeiro, oferecendo uma estrutura detalhada para a distribuição de recursos em toda a organização. Ele define de forma clara como os recursos serão alocados entre as diversas áreas, unidades de negócio e projetos, assegurando que cada setor disponha dos meios necessários para atingir suas metas. Essa distribuição segue as prioridades estratégicas e os objetivos estabelecidos pela empresa, maximizando o uso eficiente dos recursos e minimizando desperdícios. Além disso, o orçamento tem um papel essencial ao alinhar as operações do dia a dia com as metas de longo prazo, servindo como um guia para o crescimento sustentável do negócio.
Geralmente, o horizonte temporal do orçamento empresarial está alinhado ao ano fiscal ou ao período de um plano estratégico anual. Esse ciclo orçamentário de 12 meses permite uma gestão precisa dos recursos e um acompanhamento rigoroso das operações dentro de um período fixo. Entretanto, o orçamento também pode ser ajustado para períodos mais curtos ou longos, dependendo das necessidades e estratégias da empresa.
Alocação de Recursos
A alocação de recursos é a distribuição do orçamento entre diferentes unidades de negócio, áreas e contas específicas. Esta etapa garante que cada área tenha o suporte financeiro necessário para operar e alcançar suas metas.
Durante a elaboração do orçamento, cada área ou unidade da empresa deve basear suas previsões de receita e despesa nas categorias definidas no plano de contas. Isso facilita o registro contábil e gerencial posterior e permite que a empresa avalie o desempenho financeiro através do controle dos lançamentos de entradas e saídas das contas.
Centro de Custo e Centro de Lucro
Uma prática comum no orçamento empresarial é o uso de centros de custo e centros de lucro, que permitem o controle segregado do fluxo de caixa por unidade, área ou projeto. Isso fornece uma visão gerencial detalhada, facilitando a avaliação do desempenho financeiro de cada setor.
- Centro de Custo: Responsável por monitorar e controlar os custos e despesas.
- Centro de Lucro: Foca no controle das receitas e na geração de lucro.
Essa abordagem permite à empresa identificar quais áreas estão gerando os melhores resultados e quais precisam de ajustes.
Como o Orçamento e o Plano Financeiro se Relacionam:
- O plano financeiro define os objetivos estratégicos, enquanto o orçamento detalha como esses objetivos serão alcançados em termos operacionais.
- O orçamento assegura que as metas financeiras estabelecidas no plano financeiro sejam cumpridas mensurando o desempenho financeiro no curto prazo.
- Ambos são monitorados e revisados periodicamente para garantir que a empresa está no caminho certo para atingir suas metas e que os recursos estão sendo usados de forma eficiente.
8. Consolidação do Plano Financeiro
Após a conclusão de todas as etapas, é uma boa prática consolidar o plano financeiro em um documento, apresentação ou planilha que contenha:
- Análise histórica de resultados.
- Premissas de mercado e objetivos e metas financeiras.
- Projeções de receitas, custos, despesas e lucros (DRE projetado).
- Planejamento de investimentos com análises de viabilidade (VPL, TIR, Payback).
- Análise de cenários (otimista, provável e pessimista).
- Orçamento empresarial anual com recursos para áreas, departamentos e projetos
Esse documento será o plano financeiro final, que servirá como guia para a execução e monitoramento das finanças da empresa ao longo do tempo, garantindo que todas as metas estejam alinhadas com a estratégia de crescimento do negócio.
Conclusão
Elaborar um plano financeiro robusto e definir objetivos e metas claras são etapas essenciais para o sucesso e crescimento sustentável de qualquer negócio. O plano financeiro atua como um mapa estratégico, guiando as decisões empresariais e garantindo que os recursos sejam alocados de forma eficaz. Ao estruturar adequadamente o plano financeiro, é possível prever receitas, controlar despesas, identificar oportunidades de investimento e mitigar riscos financeiros. Ao seguir esse guia, você terá uma visão estruturada de como planejar financeiramente o futuro da sua empresa, permitindo que ela tenha mais embasamento na estratégia e execução das finanças.